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Alessandra Belletti Figueira: Narrativas a luz da história: a estetização da adolescência em contexto de guerra ; Ana Paula Cantarelli: O confronto entre cidade interiorana e metrópole na obra de Caio Fernando Abreu ; Antonio Barros de Brito Júnior: Política da interpretação do texto literário: alguma ética é possível? ; Antônio Carlos Silveira Xerxenesky: Inevitabilidade e Apocalipse: o Fracasso do Humanismo em 2666, de Roberto Bolaño ; Carina Marques: Do criador de civilização ao eu-abismo: uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa ; Cristiano Mello de Oliveira: A linguagem da resistência na obra “Cidade de Deus” de Paulo Lins ; Daisy da Silva César: Relação entre artes, media e formas expressivas: a personagem Fantomas em seus diversos contextos ; Denise Silva: Homogeneização cultural x Soberania nacional: uma discussão sobre a possibilidade do apagamento das culturas locais ; Dogomar González Baldi: Bartolomé de Las Casas, “O paraíso destruído; Gonzalo Guerrero, O Renegado; e “Avatar”, o filme para além de civilização e barbárie: a questão do outro não humano, uma leitura antropo-ética interdisciplinar ; Elisa de Avila Hönnicke: Trauma e tempo nas manifestações do onze de setembro - conflito entre as necessidades de lembrar e esquecer ; Fabrícia Silva Dantas e Luciano Barbosa Justino: Poesia, corpo e cinema em Terra em transe de Glauber Rocha ; Felipe Grüne Ewald: A consciência participante: perspectivismo e tradução cultural ; Fernanda Borges: Los premios: identidade e cultura sob um viés existencialista ; Francesca Batista de Azevedo: Diálogos entre Bernard Lahire e Clarice Lispector: Sociologia psicológica e um cego mascando chicles ; Gabriela Semensato Ferreira: Ser ou não ser: a questão do “eu” na ficção ; Gerson Neumann: Uma literatura sem lugar definido ; Giórgio Zimann Gislon: Aguardar, e, ou, caminhar ; Gisélle Razera: Simão Bacamarte e Policarpo Quaresma: Ciência, Nacionalismo e Hegemonia Europeia ; Ilva Maria Boniatti: O local revisitado em Luís Antônio de Assis Brasil ; José Teixeira Félix: Da oralidade ao escrito ou de como narrativas produzidas por indígenas brasileiros estão saindo das margens para o centro das discussões acadêmicas em cursos de Letras, no Brasil ; Larissa Daiane Pujol Corsino dos Santos: A confiança da imaginação popular nos media: o espaço textual nas telenovelas ; Melissa Rubio dos Santos: A mobilidade memorial ou intersubjetiva em Le goût des jeunes filles de Dany Laferrière ; Michele Savaris e Anelise Ferreira Riva: As versões hispanoamericanas da Bela Adormecida: gênero, memória e intertextualidade ; Rafael Eisinger Guimarães: Entre el campo y la estancia: lar, família e identidade gauchesca nas obras de José Hernández, Jorge Luis Borges e Silvina Ocampo ; Simone Xavier Moreira: Biografia, autobiografia e reminiscências: as construções discursivas de Caio Fernando Abreu ; Vinícius Gonçalves Carneiro: Cartas de Caio Fernando Abreu e Paulo Leminski: a história de um esquecimento e o fetiche da marginalização ; Vivian Nickel: Descolonizando traumas, narrando memórias: os estudos pós-coloniais do trauma e a literatura
A Universidade de Aachen abrigou durante anos o principal centro de Estudos Imagológicos da Alemanha e talvez do mundo. O centro foi fundado por Hugo Dyserinck, que, em 1966, com o artigo "Zum Problem der 'images' und 'mirages' und ihrer Untersuchung im Rahmen der vergleichenden Literaturwissenschaft" abriu as portas para uma nova Imagologia. Ali reuniu discípulos, que desbravaram os novos horizontes com inúmeras pesquisas, que deram origem à publicação da coleção "Aachener Beiträge zur Komparatistik". No Brasil, a influência de Dyserinck também se fez sentir, por exemplo, na publicação do livro "Do cá e do lá. Introdução à Imagologia", de minha autoria, cujo conteúdo é aqui, em parte, comentado e ilustrado.
O artigo analisa a presença sincrônica, na produção acadêmica alemã das últimas décadas, de trabalhos que, em conjunto, podem ser compreendidos como parte de um esforço nãocoordenado de renovação epistemológica e de historicização da episteme artística. Das contribuições de autores diversos são sintetizadas as linhas de constituição daquelas duas grandes problemáticas, que foram distintas, porém convergentes, em seus desdobramentos para a compreensão da arte e da crítica de arte. De um lado, mostra-se a imbricação da renovação epistemológica com novos padrões de percepção do tempo e com o conceito científico de "emergência"; de outro, vê-se como a historicização da episteme artística esteve fortemente dedicada à crítica institucional. Ao longo da apresentação, dá-se destaque ao componente critic daquelas duas formas de historicização, motivadas, como elas foram, pela insatisfação com a condição atual – nas décadas de 1970 e 1980 – da arte e do pensamento.
A proximidade entre música, filosofia e literatura na tradição alemã e seus métodos de aproveitamento dessas relações marcou profundamente João Guimarães Rosa, possibilitandolhe desenvolver trilhas próprias a partir dos substratos oferecidos pelas cantigas tradicionais brasileiras. Os efeitos gerais das técnicas musicais em "Sagarana", a influência de conceitos da filosofia de Heidegger, a utilização do 'Grundmotiv' wagneriano em "O burrinho pedrês" e "Sarapalha" e as semelhanças entre a narrativa "A hora e vez de Augusto Matraga" e a opera "Parsifal", de Wagner, constituem o objeto desta reflexão.
Mais do que um princípio formal, a noção de ensaísmo de Robert Musil adquire o duplo estatuto de uma "utopia" e de uma atitude diante da realidade. É esse duplo viés que permitirá à arte preservar-se como potência crítica e epistemológica num contexto de crise cultural e de valores na Europa no início do XX. Este artigo aborda a noção de ensaísmo de Musil a partir de seus textos críticos e de seu romance "O homem sem qualidades", demonstrando como as idéias expostas no registro estritamente "ensaístico" se configuram no âmbito da representação poética, consumando assim a "utopia" pretendida pelo autor, de fundar novas relações entre as esferas da razão e do sentimento, da ciência e da arte, da objetividade e da subjetividade.
Este ensaio aborda afinidades entre Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Immanuel Kant (1724-1804), principalmente em relação à "Crítica da Faculdade do juízo" kantiana. Investiga-se assim o diálogo teórico que implícita ou explicitamente permeia o texto goethiano e a obra do filósofo de Königsberg envolvendo temas, tais como Arte, Natureza e Sublime.
Este texto tem por objetivo recontextualizar uma das teorias literárias mais produtivas surgidas na segunda metade do século XX, na medida em que ela interagiu com conceitos filosóficos amadurecidos na mesma época. Em particular, pretendemos discutir o modo como a Estética da Recepção, desenvolvida ao longo dos anos 1960 e 1970, na Universidade de Konstanz, pôde e ainda pode proporcionar iluminações à literatura quando associada aos estudos de Jürgen Habermas junto à Escola de Frankfurt, também ao longo daquelas décadas e das seguintes.
Entfremdung (alienação) e Fremdheit (estranheza) podem ser entendidos como demarcadores de paradigmas culturais. A primeira está para a modernidade, assim como a segunda está para a pós-modernidade. Uma está para identidade, e a outra para alteridade. Enquanto a existência do fenômeno da alienação tornou-se questionável na atualidade, o discurso sobre estranheza vem se consolidando no âmbito acadêmico europeu. Tal discurso é, em certa medida, marcado por uma crítica cultural que tenta fazer justiça ao "estranho" recalcado por séculos pela cultura europeia. Enquanto isso, uma fenomenologia da alienação começa também a se desenvolver, a fim de reformular o conceito. Os dois fenômenos relacionam-se na medida em que a alienação é entendida como um momento transitório da estranheza. Ambas as teorias têm se mostrado produtivas no campo da análise literária.
Parece estranho à primeira vista tratarmos do tema da ausência, tão caro à antropologia, à semiótica e às artes. Para tanto, procederemos inicialmente a uma breve conceituação do termo, para depois passarmos a um curto panorama da produção cinematográfica dos últimos 20 anos na Alemanha, que geralmente acompanha tendências semelhantes na literatura. Verificaremos em que medida podem ser detectados elementos de ausência no cinema pós-muro na Alemanha. Em seguida, procederemos a uma análise de planos fílmicos de três filmes nos quais se evidencia a questão da ausência. Para este trabalho, utilizaremos como base teórica considerações de Lehmann/Weibel, Bernhard Waldenfels, Gilles Deleuze e Michel Chion.