Pandaemonium Germanicum Nr. 17
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Sob uma perspectiva crítica, são abordadas neste artigo, imagens sobre a língua alemã e seus falantes, apresentadas por estudantes universitários brasileiros, interessados em aprender esse idioma ou engajados em estágio inicial de sua aprendizagem. O propósito é discutir evidências de imagens estereotipadas, bem como refletir sobre possíveis decorrências dessas imagens no/para o processo de ensino-aprendizagem da língua, buscando, com isso, apontar a importância de se considerar como objetivo relevante no ensino de alemão, a necessidade de um percurso de "desestranhamento" do idioma, por meio de enfoque metodológico orientado para auxiliar os aprendizes no processo de desenvolvimento de competência intercultural. Tais reflexões têm como base pressupostos teóricos como as noções de "outro" e de "próprio", as concepções de competência intercultural e de ensino intercultural, e resultados obtidos em pesquisa desenvolvida no campo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira (alemão).
Neste artigo, abordam-se questões pertinentes às categorias do regional e do universal e ao consequente esvaziamento desta última como critério de qualificação de obras literárias regionais. Na contrapartida, trazem-se contribuições teóricas e metodológicas desenvolvidas no meio acadêmico alemão (SCHEICHEL 1993; STÜBEN 2002; GRYWATSCH 2008), onde a literature regional encontra um espaço privilegiado nos debates, e os critérios de mensuração da qualidade das obras são construídos com base em aspectos sociológicos de produção e recepção dentro dos âmbitos regional e suprarregional.
O presente artigo procura analisar a influência que a escrita literária peculiar e os modos de pensamento contemporâneo em voga no continente americano alcançaram em outros nichos literários tendo, como exemplo específico a Alemanha. Para isso, o foco recairá sobre o romance histórico alemão "Rede des toten Kolumbus am Tag des jüngsten Gerichts" (1992), do autor Hans Christoph Buch. Nele, observa-se como os processos retóricos e estéticos da narrativa se assemelham àquilo que foi considerado como "novo romance histórico latinoamericano", segundo estudos de Aínsa (1988-1991), Menton (1993), Fleck (2007) de outros. Este modelo de produção artística é uma das formas originais do boom literário ocorrido na América Latina, em meados do século XX, demonstrando, assim, como, após muito tempo, as Américas começam a influenciar a escrita de outros continentes e, principalmente, a Europa. Estudos de Lukács, sobre romances históricos, e de Alejo Carpentier e Uslar Pietri (1990), sobre o "Realismo Mágico", também se fazem relevantes, uma vez que as delimitações do gênero literário, além de suas características principais, são passíveis de ser observadas no romance de Buch.
Este artigo tem como propósito a contextualização do romance "A Pianista", de Elfriede Jelinek, no âmbito de uma tradição literária austríaca caracterizada pela visão crítica da sociedade e de seus conflitos, da qual fizeram parte grandes expoentes das letras deste país no período entre-guerras. Se no pós-guerra o establishment literário austríaco empenhou-se pelo estabelecimento de um consenso social por meio da difusão de uma ideologia harmonística, que visava reinstaurar elementos da sociedade habsburga na 2ª. República, o ressurgimento de uma literatura de rebeldia e estranhamento na Áustria da década de 1980 pode ser compreendido como uma reação a este projeto de restauração de um ideário anacrônico. Neste sentido, a confrontação, em "A Pianista", entre Erika Kohut, sua mãe e Walter Klemmer pode ser uma representação metafórica de conflitos próprios de uma sociedade dividida entre o apego às glórias de uma tradição cultural que se deseja preservar e o assédio permanente de uma massmedia globalizada e estruturada sobre parâmetros que estão em oposição diametral a esta tradição. Ao mesmo tempo, busca-se contextualizar as visões de mundo e formas de comportamento representadas no romance no âmbito da chamada 'Österreich Ideologie', onde surgem como princípios de convívio social herdados da ideologia habsburga, e que permanecem como substratos parcialmente anacrônicos e parcialmente ilusórios na cultura austríaca dos anos 1980.
O objetivo deste trabalho é analisar as configurações de história e memória em obras de Christa Wolf, relacionando-as com o período histórico que culminou com a queda do Muro de Berlim em 1989 e consequentemente com o fim do regime socialista na República Democrática Alemã (RDA). Levando em consideração os estudos sobre cultura da memória realizados por Aleida Assmann, pretende-se verificar aspectos concernentes aos limites e funções da memória em algumas obras de Christa Wolf, entre as quais "Was bleibt" e "Leibhaftig".