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Fábio Machado Pinto, Jaison José Bassani, Ana Cristina Richter

• O presente trabalho, de natureza teórica, analisa fragmentos dos escritos de Theodor W. Adorno (1903-1969) e Jean-Paul Sartre (1905-1980) e destaca reflexões para a pesquisa sociológica no campo da Educação, considerando a inflexão que ambos propõem em “direção ao sujeito”. De modo mais específico, realizamos uma leitura de como cada autor refletiu sobre sua própria infância e educação, buscando articular a reflexão autobiográfica que cada um realiza, de diferentes formas, ao núcleo duro de suas concepções teóricas. Ao observarmos como cada autor, na condição de adulto, rememora de forma sistematizada (na filosofia ou na literatura) sua própria infância, refletindo, entre outros aspectos, sobre a condição social de suas famílias e da classe burguesa, a relação com os adultos e com os artefatos (culturais e tecnológicos) de sua época, incluindo a escolarização, podemos também perceber elementos de suas concepções teóricas sobre a subjetividade e de suas análises sobre as vicissitudes do sujeito no contemporâneo. Enquanto que, para Sartre, a infância emerge no âmbito de uma concepção restauradora da narrativa como mediadora da experiência, em um processo, sempre ainda aberto, de transformação da existência, para Adorno, a rememoração sobre sua infância se articula às temáticas da pátria (não como território, mas como humanidade) e da utopia e se coloca como possibilidade de releitura das singularidades das experiências infantis como forma de confrontação e atualização das promessas contidas no passado.
• This theoretical work analyzes fragments of the writings of Theodor W. Adorno (1903-1969) and Jean-Paul Sartre (1905-1980) and highlights reflections for sociological research in the field of Education, considering theinflection that both propose in “towards the subject”. More specifically, we review how each author reflected on his own childhood and education, seeking to articulate the autobiographical reflection that each one makes, in different ways, to the hard core of their theoretical conceptions. As we observe how each author, as an adult, systematically recalls (in philosophy or literature) his own childhood, reflecting, among other aspects, on the social condition of their families and the bourgeois class, the relationship with adults and with the artefacts (cultural and technological) of his time, including schooling, we can also perceive elements of his theoretical conceptions about subjectivity and his analysis of the vicissitudes of the subject in the contemporary. Whereas, for Sartre, childhood emerges in the context of a restorative conception of narrative as a mediator of experience, in an ever-open process of transformation of existence, for Adorno, the recollection of his childhood is linked to the themes of the homeland (not as a territory, but as humanity) and of utopia and is posed as a possibility of rereading the singularities of children's experiences as a way of confronting and updating the promises contained in the past.
• Ce travail, de nature théorique, analyse des fragments des écrits de Theodor W. Adorno (1903-1969) et de Jean-Paul Sartre (1905-1980) et en montre les enseignements pour la recherche sociologique dans le domaine de l’éducation, en considérant l’inflexion qu’ils proposent "vers le sujet". Plus précisément, nous avons examiné la manière dont chaque auteur a réfléchi à sa propre enfance et à sa propre éducation, en cherchant à articuler leurs réflexions autobiographiques, soutenues par différentes perspectives, au noyau dur de leurs conceptions théoriques. En observant comment chaque auteur, devenu adulte, revisite de façon systématisée (en philosophie ou en littérature) sa propre enfance, pour réfléchir, entre autres, à la condition sociale de sa famille et de la classe bourgeoise, aux rapports aux adultes et aux artefacts (culturels et technologiques) de son temps, y compris à sa scolarité, on peut également percevoir des éléments de ses conceptions théoriques sur la subjectivité et de son analyse des vicissitudes du sujet dans la contemporanéité. Alors que, pour Sartre, l'enfance se présente dans le contexte d'une conception visant à réhabiliter le récit comme médiateur de l'expérience, dans un processus toujours ouvert de transformation de l'existence, pour Adorno, le souvenir de l’enfance s’articule autour des thèmes du pays (non en tant que territoire, mais en tant qu’humanité) et de l’utopie, la relecture des singularités des expériences des enfants étant dès lors considérée comme un moyen de confronter et de mettre à jour les promesses contenues dans le passé.