Gesellschaftswissenschaften
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Nosso objetivo neste trabalho é tentar esclarecer o mal-estar causado por algumas leituras que muitas vezes despacham a influência e a presença constante de Hegel na obra de Adorno de forma muito breve e fácil, seja a partir da perspectiva antissistêmica da filosofia adorniana, ou então, desde a perspectiva negativa que a dialética assume em seu pensamento. Nesse sentido, pretendemos expor alguns pontos fundamentais da filosofia hegeliana, em relação aos quais Adorno se coloca claramente como herdeiro. Pretendemos mostrar que o filósofo de Frankfurt pensa não somente sobre estes pontos, mas também a partir deles, i.e., superando-os.
O artigo analisa a crítica social de Adorno, apontando os laços entre formação, sujeito e condições sociais e os efeitos para a educação (Bildung). A despeito da tradição neo-humanista e idealista e das certezas emancipatórias, a formação mostra sua face ilusória. É justamente em relação às questões educativas que o pensamento crítico de Adorno mais revela sua atualidade e potência para mostrar os paradoxos da própria educação. De tal crítica - apesar do paradoxo - decorrem determinadas exigências expressas numa dimensão ético-política e numa dimensão estética para a experiência formativa, cuja potência pode romper com o caráter meramente adaptativo da educação.
Este artigo se propõe estabelecer um diálogo com o ensaio Teoria da Semiformação, de Theodor Adorno, escrito em 1959, no contexto do capitalismo do bem-estar social. O objetivo é ressaltar sua atualidade na abordagem da crise da formação cultural contemporânea, em que prevalece a forma de capitalismo neoliberal e, ao mesmo tempo, detectar novas nuances constitutivas da referida teoria nesse momento histórico. Nessa trajetória, o texto percorrerá os seguintes passos: a Teoria da Semiformação como um diagnóstico da crise da formação cultural no final da década de 1950; as formas de como a ontologia da semiformação se constitui em tempos de neoliberalismo; as novas roupagens com que essa crise cultural vai se instalando progressivamente nas salas de aulas; e a necessidade de se lhe contrapor novas manifestações de resistência. O artigo buscou apoio teórico em Dardot e Laval (2016) para captar as especificidades do neoliberalismo contemporâneo.
Eu busco neste artigo mostrar alguns aspectos relativos a diferentes pesquisas e reflexões que empreendi em anos recentes sobre o conceito de indústria cultural. A questão central é o pensamento de Theodor W. Adorno com especial atenção para a atualidade de sua dialética negativa. Minha intervenção acerca da atualidade do conceito de indústria cultural possui três passos argumentativos: o entrelaçamento entre racionalidade e dominação como a base de uma teoria da sociedade em Adorno; algumas mudanças no capitalismo contemporâneo e suas implicações para um conceito de indústria cultural no século XXI e; a posição da indústria cultural no contexto da Sociologia brasileira. O objetivo central do artigo, produzido na forma de ensaio, é enfatizar a atualidade da teoria crítica da sociedade de Theodor Adorno mediante argumentos específicos ao campo da Sociologia.
Adorno pensou a filosofia moral em diversos momentos de sua carreira filosófica, notadamente em Minima Moralia (1951), Dialética Negativa (1966) e em seu curso publicado postumamente Probleme der Moralphilosophie (1996). Uma avaliação conjunta desses textos permite indicar a centralidade do que Adorno chamou de “dialética da moral” – entre impulso somático e racionalidade – na constituição da experiência do prático. Além disso, as reflexões sobre a moral são um momento privilegiado das análises metafilosóficas de Adorno, que identificam em boa parte da tradição filosófica ocidental sobre a moral a presença da dominação da natureza interna – processo que caberia à dialética materialista da moral criticar e ajudar a transformar.
Neste artigo, que é originalmente um discurso de posse no Instituto Otto Suhr na Universidade Livre de Berlin, Axel Honneth esboça o programa de uma teoria intersubjetiva do reconhecimento, utilizando esta última categoria como o núcleo conceitual de uma Teoria Crítica da sociedade na qual a experiência pré-cientifica de desrespeito às expectativas sociais se conecta à formação de demandas emancipatórias.
Una historia filosófica de la identidad estadounidense: Balance de propuestas y su crisis actual
(2018)
Este trabajo de síntesis crítica, realiza un balance de los principales aportes de pensamiento que han favorecido la configuración de la identidad estadounidense y su reformulación periódica. Se sistematizan las escuelas, según su transición de teólogos-políticos (como los puritanos, carismáticos y trascendentalistas, con aportes tipo pactismo bíblico, libre albedrío, caridad pietista, destino manifiesto, etc.), pasando por filósofos pragmáticos (como los constituyentes, democratizadores y reconstructores, con recursos como libre-pensamiento -free masonry & whigs-, federalismo, pragmatismo, etc.), hasta académicos socio culturales (sobre todo, de Estudios culturales, vía nociones de consenso, v.g. fronterismo, excepcionalismo y crisol cultural; así como artificios de hecho diferencial –a raíz de la fuga de cerebros de la Escuela de Frankfurt, Normale Annales, Birmingham, etc.-, con categorías de clase, status y conflicto social, metámeros etnoculturales, constructos de género, etc.). El estudio llega hasta la crisis actual, sin soluciones generalmente aceptadas y bajo la amenaza transoccidental.
The purpose of the text is to present an interpretation of Theodor Adorno’s critical reading of authors considered revisionists of Sigmund Freud’s psychoanalytic theory, particularly Karen Horney. We discuss critically Adorno’s favorable positioning to the Freudian conception of the individual psychic nucleus in contrast to the hasty sociologization of psychoanalysis practiced by the revisionism of Karen Horney. In the final part we try to show how the Adornian perspective ends up by making, in his own way, the same mistake of a hasty sociologization of psychoanalysis he imputed to the revisionists and advocates an theoretical emphasis on the sociological realm that seems also problematic.
Este trabalho tenciona fazer uma análise a respeito das contribuições de Axel Honneth no que concerne às suas contribuições para o debate sobre teorias da justiça no contexto atual. Neste sentido, pode ser elencada como principal a tentativa de alcançar princípios normativos pautados na horizontalidade, ou seja, na própria realidade social. Para alcançar êxito nesta empreitada reflexivo-filosófica, parte-se de suas obras A textura da justiça: sobre os limites do procedimentalismo contemporâneo e O direito da Liberdade, nos quais se tem a questão relacionada à liberdade, sendo esta tomada como o princípio de maior valor na contemporaneidade. Daí, a liberdade direcionada ao aspecto social ser especificamente expressa nas instituições, bem como seu vínculo estar intrinsecamente ligado às relações sociais, de mercado e também ao universo político. Ao se pressupor a existência de um vazio entre os princípios normativos pertencentes à justiça e a realidade social, conforme considera o autor, fomenta-se, a partir deste estudo, notar as potencialidades, bem como os limites desta reconstrução normativa, conforme proposição teórica de Honneth.
Este artigo procurou refletir sobre alguns aspectos teóricos acerca da Teoria do Reconhecimento desenvolvida por Axel Honneth. Herdeiro da tradição teórica do pensamento crítico frankfurtiano – do qual se destacam pensadores como Adorno, Horkheimer, Marcuse e Habermas –, Honneth propõe uma inovadora teoria normativa dos conflitos sociais. Como fio condutor de sua análise, emerge o argumento de que a evolução social está estruturada pelos conflitos morais dos sujeitos sociais, em busca do reconhecimento recíproco de suas identidades. Assim, ao desenvolver sua teoria, Honneth articula elementos da Teoria Crítica, da filosofia do jovem Hegel e da psicologia social de Mead. Este artigo tem justamente o ensejo de refletir sobre a teia conceitual sobre a qual Honneth fundamenta sua proposta teórica.
Rezension zu: Marcuse, Herbert: Příslib štěstí. Edícia a preklad Martin Profant. Praha: Nakladatelství Epocha 2017, 372 s.
Em diálogo com Axel Honneth, analiso os desafios do reconhecimento nas relações íntimas à luz de pesquisas qualitativas realizadas com homens e mulheres heterossexuais de classes média e média alta sobre o amor romântico nos dias de hoje. As pesquisas revelaram as ambiguidades da concepção de amor que resultou do crescente processo de individualização e democratização das relações de gênero na intimidade. Ainda que o reconhecimento no amor seja importante para homens e mulheres, estas explicitaram, de forma mais enfática, o déficit de reconhecimento nas relações íntimas – não reconhecimento, reconhecimento limitado ou falso. Destaco as formas de sofrimento emocional feminino criadas com a institucionalização do campo sexual, que separou sexo de envolvimento afetivo, apontando os dilemas e contradições da liberdade sexual para as mulheres. Se, por um lado, a reconstrução normativa das relações íntimas de Honneth consegue elucidar as regras morais tacitamente postas nas interações amorosas e a importância do amor para uma teoria moral da “boa vida”, por outro, superestima as potencialidades do reconhecimento na esfera íntima. Além disso, pretendo mostrar as ambivalências do “novo feminismo” e as limitações dos estudos de gênero e sexualidade contemporâneos, com ênfase nas sexualidades “não normativas” e na desconstrução dos binarismos de gênero que, contraditoriamente, contribuem para eclipsar diferenças de gênero em torno do amor e da sexualidade e, com isso, acabam colaborando para tornar imperceptíveis sofrimentos femininos.
O objetivo deste artigo é discutir como os projetos intelectuais de Fraser e Honneth seguiram vias diversas após o debate que ambos publicaram em 2003 e como estas vias podem ser apropriadas pela teoria social feita no Brasil. Se no momento da discussão, tanto Fraser quanto Honneth pro- curaram demonstrar a maior adequação de suas respectivas teorias para a análise das lutas sociais e a possibilidade de uma apropriação deu seus modelos pelos movimentos sociais, de modo que o caráter político do debate fosse expresso na forma como movimentos sociais, remeteriam aos termos redistribuição e/ou reconhecimento (I); e, ao longo dos últimos, ambos mudaram o foco de suas análises para um entendimento do próprio sistema capitalista, chegando a concepções alteradas da dinâmica de conflitos sociais (II). Na medida em que este potencial analítico mediou sua recepção no Brasil, isso implica, afinal, novas formas de apropriação e diálogo com as ideias de Fraser e Honneth (III).
The article analyses the 'post-secular turn' in critical theory by comparing Jürgen Habermas' late philosophy with the philosophy of his predecessor Theodor W. Adorno. It poses the question to what extent can Habermas be seen as a post-secular theorist when setting his work against that of Adorno? Following Birgitte Schepelern Johansen, the author develop a concept of post-secularism as a move beyond the strict division between religion and non-religion, and apply the concept to the work of the two critical theorists in question. Finally, Adorno’s work is identified as a 'religious secularism’ and Habermas’ work as a 'post-secular secularism’. Thus, the author points out the ambivalence, which the alleged 'post-secular turn’ breeds, and suggest a reconsideration of the religious motives discovered in Adorno’s work.
De acordo com parte da literatura, a teoria crítica de Adorno é um lamento sobre o fracasso da civilização moderna que é incapaz de dar conta de suas próprias condições de possibilidade. No presente artigo, questiono tal veredito, por meio da análise da questão de como a crítica pode ser feita e de quem seria o destinatário dela, em uma situação de quase completa dominação.
El presente artículo aborda el análisis de los teóricos de Frankfurtrt, especialmente Adorno, Marcuse, Walter Benjamin y Horkheimer, y su actualidad en relación a la educación. La motivación ante un mundo en que ascienden valores de extrema derecha y fundamentalismos religiosos, este escenario motiva a cuestionar cuál es el papel que la educación realiza para combatir extremismos e intolerancias. Ámbito de pertinencia. Este artículo está directamente relacionado con la filosofía de la educación. Justificación y relevancia. Se justifica este tema por tratar de aspectos teleológicos de la función de la educación. En el sentido de problematizar el carácter teleológico de la educación a partir de conceptos filosóficos que buscan la autonomía del sujeto en lugar de sólo adecuarlo a lo que está puesto. Como metodología recurre a los estudios bibliográficos y reflexiones críticas sobre la educación y su carácter político en la construcción de una conciencia social emancipada de valores que legitiman opresión. Resultado y discusión. Se realizó un estudio sobre teoría crítica de Adorno, Horkheimer, Benjamin, Habermas y Marcuse como aportes para la construcción de una educación que además de buscar la inclusión, busque también ser un instrumento político de combate a los valores de prejuicios, que hoy son reavivados con el ascenso de fundamentalismos religiosos, xenofobia y ascensión de la extrema derecha. Conclusión. Se concluye que la escuela tiene una finalidad política de educar para un mundo de solidaridad y respeto por las diferencias.
This article deals with the analysis of Frankfurtrt's theorists, especially Adorno, Marcuse, Walter Benjamin and Horkheimer, and their relevance in relation to education. Motivation, faced with a world in which extreme-right values and religious fundamentalisms are promoted, such a scenario motivates us to question the role that education plays in combating extremism and intolerance. Scope of relevance. This article is directly related to the philosophy of education. Justification and relevance. This topic is justified because it deals with teleological aspects of the function of education. In the sense of questioning the teleological character of education based on philosophical concepts that seek the autonomy of the subject instead of just the human being to what is settled. As a methodology, it resorts to bibliographical studies and critical reflections on education and its political character in the construction of an emancipated social conscience of values that legitimize oppression. Results and discussion. A study on Critical Theory of Adorno, Horkheimer, Benjamin, Habermas and Marcuse was conducted as contributions to the construction of an education that, in addition to seeking inclusion, also seeks to be a political instrument to combat prejudice, which is nowadays alive again with the rise of religious fundamentalisms, xenophobia and the rise of extreme-right political ideas. Conclusion. It is concluded that the school has the political purpose to educate for a world of solidarity and respect for differences.
The main sources for the discussion of the category “relation” were Aristotle’s Categories and Metaphysics. Before their translation into Arabic in the 8th and 9th centuries, Christian theologians and in their footsteps Syriac scholars considered Aristotle’s works to be a useful tool in Christological discussions. This article analyzes the category of relation and its development in Arabic-Islamic philosophy in authors such as Kindī and his student Aḥmad Ibn aṭ-Ṭayyib as-Saraḫsī, Fārābī, Ibn Sīnā, Ghazālī, Ibn Rušd, the Sufi Ibn ʿArabī and others.
O presente escrito teve como objetivo analisar a necessidade da educação escolar para o desenvolvimento do ora vigente modo de produção capitalista industrial. Esta análise se baseia na investigação e exposição de Marx dos momentos constitutivos do capital por meio do modo de produção industrial de mercadorias. Em suma, procuramos demonstrar a partir dos escritos, principalmente, de Marx, Adorno e Marcuse que a demanda do modo de produção capitalista por uma massa de indivíduos oriundos da educação escolar não existe, pois a maioria de suas demandas radica nele mesmo, modo de produção, e é solucionada por ele mesmo em seu processo de constituição, não em um elemento externo e ideal, como é o caso da educação escolar.
A atualidade da crítica de Adorno para as pesquisas qualitativas com bases empíricas em educação
(2018)
Neste artigo, serão apresentados dados e argumentos sobre a atualidade da crítica de Theodor W. Adorno para as pesquisas qualitativas com bases empíricas em educação, com especial ênfase à hermenêutica objetiva, desenvolvida por Ulrich Oevermann e aplicada por Andreas Gruschka às pesquisas em educação. O tema será abordado da seguinte maneira: (a) serão apontados elementos históricos e teóricos do desenvolvimento de um método de pesquisa próprio pela Teoria Crítica; (b) serão apresentados elementos caracterizadores da hermenêutica objetiva; (c) para, por fim, apresentar algumas das contribuições de Gruschka na aplicabilidade do referido método às pesquisas educacionais na Alemanha, além de algumas experiências no Brasil a partir da referida abordagem de pesquisa.
La experiencia del arte en todas sus variedades tiene siempre una dimensión cognitiva. También las experiencias estéticas negativas la tienen, muy especialmente en el arte contemporáneo. Éstas pueden estar determinadas por el contenido y o los medios de la obra o por los efectos de la misma. Lo que da lugar a una variada tipología de experiencias del arte con uno o más aspectos negativos. La teoría estética de T.W. Adorno nos proporciona diversas herramientas para repensar esta variedad de la cognición artística. En la medida que se trata de una estética negativa, categorías de la misma como las de carácter enigmático, autonomía, resistencia o comunicación de lo incomunicable, nos ofrecen vías para entender el lugar de las experiencias negativas en el arte contemporáneo y su función cognitiva.
Yaratıcı endüstri kavramı, aşırı-teknik-kapitalist toplumların bir zorunluluğu olarak 1990’lı yıllarda gerek gündelik yaşama gerekse bilimsel yazına yerleşmeye başlamıştır. Habermas’ın çift değerlilik yaklaşımı doğrultusunda düşünüldüğünde, yaratıcı endüstrilerin, yaratıcılık ve kültürü kullanarak ürettikleri ürünlerin olumlu yanları kadar olumsuz yanlarının da olacağı açıktır. Bu çalışma yaratıcı endüstrilerin, toplumsal alanda anlaşma yönelimli iletişimsel eylemi koordine eden kültürel-normatif yapılar üzerindeki olası bozucu etkilerine dikkat çekmeye çalışmıştır. Çalışma, bu düşünceyi temellendirmek için, Husserl tarafından geliştirilen “yaşam dünyası” ve Habermas tarafından kuramsallaştırılan “yaşam dünyasının sömürgeleştirilmesi” kavramları doğrultusunda ilerlemiştir. Çalışmamızda kısmen Frankfurt Okulu’nun düşüncelerine başvurulmuştur. Çalışmamız özetle, yaratıcı endüstrilerin, yaşam dünyasının temel bileşenlerinden kültürel yeniden üretim, toplumsal bütünleşme ve toplumsallaşma süreçlerini nasıl etkileyeceğine, iletişimsel eylemi ne şekilde koordine edeceğine ve yaşam dünyasını potansiyel olarak nasıl sömürgeleştireceğine odaklanmıştır.
Partiendo de la recurrencia del motivo de la pobreza de la experiencia en el marco de la Teoría crítica y su entorno más afín, nos proponemos tematizar la equivocidad que presenta el mismo mediante la delimitación de sus diferentes sentidos en Adorno, Horkheimer y Benjamin. Ello nos permitirá dejar esbozadas las líneas generales de una problemática que, a nuestro entender, es producto de cierta complementariedad pero a la vez tensión entre dichos sentidos.
En este trabajo me propongo realizar una lectura en paralelo de las críticas al concepto de sujeto llevadas a cabo por Theodor Adorno y Louis Althusser, ambos autores pertenecientes a dos tradiciones teóricas muy distintas. Esto con el fin de mostrar que: 1) que ambos parten del desmoronamiento del marxismo hegeliano y su idea de un sujeto de la historia, 2) que ambos intentan develar la naturaleza ideológica de la categoría de sujeto y 3) que para tal fin utilizan herramientas psicoanalíticas. Este recorrido me permitirá resaltar los puntos de encuentro y las enormes divergencias entre ambos autores.
Роботу «Філософія і вчитель» Теодор Адорно вперше прочитав як доповідь у Будинку студентів міста Франкфурта-на-Майні в листопаді 1961 року. У цій доповіді Адорно продовжив тему критики тих чинників тодішньої освіти Західної Німеччини, які унеможливлюють особисту боротьбу інтелектуала з культурними залишками тоталітарного суспільства. Адорно зауважив такий важливий елемент освітнього процесу, яким є іспит із філософії. Цей іспит мають складати майбутні вчителі, кандидати на посаду викладача ґімназії. Також Адорно звернув свою увагу на тенденцію формалістичного дотримання Правил складання іспитів деякими майбутніми вчителями, які не здатні зрозуміти гуманістичну, емансипаційно-духовну суть філософії, а отже й не розуміють мету проведення названого іспиту. Ушанувавши давню традицію академічної свободи німецького Університету, Адорно зауважив постать німецького філософа, охарактеризувавши його тією людиною, інтелектуальна діяльність якої вплинула на гуманізацію освіти в німецькому Університеті, що безпосередньо далося взнаки відповідним социокультурним перетворенням. Однак, на думку Адорно, в повоєнних університетах ФРН переважає тенденція дотримання засад саме наукового пізнання. Ця тенденція поєднана зі ставленням деяких майбутніх учителів до знання як до привласненого у споживацький спосіб, що зумовлено браком особистої любові до власного фаху й до своїх студентів. Адорно був переконаний у тому, що такі вчителі байдужі до свого фаху й не мають до нього покликання. Ознакою відсутності покликання в цих людях Адорно назвав інтелектуальну недбалість, провінційність мовлення і провінційну нездатність зрозуміти свободу людини як духовну цінність. Подібні вчителі неспроможні пропонувати нове знання своїм студентам як за допомогою добірного усного мовлення, так і за допомогою досконалого письмового викладу. Цілком іншою Адорно запропонував убачати людину, яка здатна засвоювати знання, що потрібні для розуміння свого професійного обов’язку. Використовуючи саморозуміння та саморефлексію, вона зможе самостійно збагнути сенс своєї педагогічної роботи. Ця людина сумлінно і терпляче виконуватиме свою роботу задля практичного впровадження в суспільство гуманістичних ідеалів попереднього філософського знання.
Що означає «опрацювання минулого» : (переклад з німецької, анотація і післямова Віталія Брижніка)
(2018)
Роботу «Що означає «опрацювання Минулого» Адорно вперше прочитав як доповідь 6 листопада 1959 року перед Координаційною радою з питань християнсько-єврейської співпраці. У цій доповіді Адорно розглянув суть соціальної ідеології, панівної в повоєнній Німеччині, яка зумовлювала стратегії суспільного примирення з політичними злочинами колишньої націонал-соціалістичної влади. На думку філософа, соціальна ідеологія суспільства споживання використовує чималу кількість відповідних засобів, аби стабілізувати свій панівний статус у суспільстві. Й передусім вона намагається ліквідувати колективну історичну пам’ять людей про жахи воєнного періоду, прагнучи витиснути їх із колективної свідомості, зокрема й завдяки спогадам людей про «кращі часи» життя під «опікою» попередньої, тоталітарної влади. Філософ назвав суроґатною ідентичність цих людей, соціально інтеґрованих лише завдяки авторитету владної особистості. Вони не ототожнюють себе з жертвами тоталітарного режиму через уплив на їхню свідомість культурних елементів цієї соціальної ідеології. Іншим наслідком даного впливу також стає відчуження цих людей від ідеї демократії як чинника належних соціокультурних перетворень. Дієвим засобом подолання цього впливу Адорно визначив нову, «демократичну педагогіку» і просвіту як «другу освіту», що практично здійснюють у суспільстві освічені люди, які володіють знанням про минулі злочини тоталітарного режиму. Тим самим вони зумовлюють у межах освітнього процесу дієве «опрацювання Минулого» через формування особистого розуміння окремої людини соціальних причин і жахливих наслідків панування тоталітарного режиму. Це ліквідує її «політичне неповноліття» й тим самим унеможливлює історичне повторення в Європі злочинів авторитарної влади.
Este artigo visa discutir os modelos de síntese pressupostos pela dialética negativa de Adorno através de aproximações de temáticas maiores da filosofia de Karl Marx. Isto nos permitirá qualificar melhor a natureza materialista da dialética negativa adorniana, abordando inclusive o impacto político de certas elaborações conceituais.
O Objetivo deste artigo consiste em apresentar fundamentos da proposta epistemológica de Jürgen Habermas, identificados em obras precedentes à sua Teoria do agir comunicativo. A partir de Teoria analítica da ciência e dialética será explorada a proposta do autor, tendo percorrido antecipadamente pela querela entre Popper e Adorno; posteriormente busca-se analisar como Habermas, em debate com seus contemporâneos, retrata sua proposta em Técnica e ciência como ideologia, considerado um marco para a Escola de Frankfurt.
O reconhecimento é um conceito normativo. Ao reconhecermos alguém como portador de determinadas características ou capacidades, reconhecemos seu status normativo e estamos assumindo responsabilidade por tratar este alguém de determinada forma. O não reconhecimento, neste caso, pode significar privação de direitos e marginalização; em uma democracia pode impossibilitar indivíduos ou grupos de desfrutar o ideal igualitário democrático, por exemplo. Nas últimas três décadas, a reflexão sobre esta categoria se aprofundou e assumiu maior importância no debate entre liberalismo e comunitarismo em paralelo às demandas, por vezes pelas conquistas, de grupos e minorias (LGBTQIA, portadores de necessidades especiais, feministas, indígenas, étnicos, etc.) que se sentem não reconhecidos e se engajam em movimentos políticos através de lutas por reconhecimento. Retomaremos, aqui, o desenvolvimento do conceito de “eticidade” empreendido por Axel Honneth em Luta por reconhecimento (1992), obra fundamental para a reflexão sobre o tema. O autor situa sua teoria no meio termo entre a moral kantiana e as éticas comunitaristas: sua concepção é formal por entender que normas universais são condições de algumas possibilidades, mas é substantiva por se orientar pelo fim da autorrealização humana.
Aproximações entre Nietzsche e Adorno acerca da massificação da cultura e da vida administrada
(2017)
Pretendemos pensar as relações entre arte e sociedade, tendo sempre em mente a tensão irredutível entre a autonomia e a heteronomia de uma em relação a outra. Para tanto, traçaremos uma análise dos argumentos principais a respeito dessa relação dialética, em dois momentos distintos da reflexão filosófica sobre o tema. Em um primeiro momento, traremos a defesa de uma certa autonomia da arte com referência não apenas à sociedade que a produz, como também aos valores morais que são ensinados através dela, com as reflexões e, sobretudo, com as críticas de Nietzsche sobre suas interpretações da tragédia clássica, a partir principalmente de O Nascimento da Tragédia, para, em um segundo momento, poder traçar um paralelo dessa argumentação com a constatação de Adorno a respeito da instrumentalização e da comercialização da arte, no contexto contemporâneo, expondo algumas das críticas de Nietzsche realizadas no séc. XIX sobre as produções culturais gregas do séc. IV a. C. e contextualizando-as em relação aos fenômenos estéticos contemporâneos.
Este artigo apresenta uma discussão sobre a obra recente de Axel Honneth. Começando por uma exposição de seu projeto teórico mais amplo, descrito em O direito da liberdade (2011) como uma teoria da justiça sociologicamente ancorada, o artigo demonstra como Honneth se move da ideia de uma luta por reconhecimento em direção à ideia de intersubjetividade institucional. Este movimento, porém, é acompanhado por críticas que vêm nesta passagem o abandono das ambições críticas de seu modelo e um compromisso reformista com a ordem capitalista de mercado. A fim de responder a estas objeções, Honneth propõe uma reatualização da ideia do socialismo (2015) a partir da noção de liberdade social, concluindo com uma distinção entre duas formas de luta por reconhecimento, uma interna e outra externa – e defendendo as vantagens da primeira.
From reciprocal recognition to a society that is properly 'social' : on Axel Honneth's recent work
(2017)
This paper addresses Axel Honneth's recent endeavors to defend his theory of justice, broadly described in Freedom's right (2011) as an analysis of society. The paper begins by exposing Honneth's model as a theory of institutional intersubjectivity rather than a theory of the struggle for recognition. This model, however, was subject to criticism due to its supposed acceptance of the capitalistic market economy as a social order. In order to defend it from such objections, Honneth (2016) exposes the normative core of socialist ideals as a version of social freedom. Finally, he presents a distinction between two forms of political intervention: an internal and an external struggle for recognition – and asserts the advantages of the former.
Intersubjetividade e ontologia social nas revisões da teoria do reconhecimento de Axel Honneth
(2017)
O artigo sintetiza as revisões que Axel Honneth impôs a sua obra após a recepção crítica de Luta por reconhecimento (1992), propondo compreendê-las como passos intermediários em direção ao novo modelo crítico apresentado em O direito da liberdade (2011), chamado por Honneth de reconstrução normativa. O objetivo não é examinar as determinações de método da reconstrução normativa, mas percorrer o caminho intelectual de Honneth entre suas duas obras principais, explicitando as revisões e os novos pressupostos da obra “madura” do autor. Essas revisões, concentradas ao redor de uma compreensão considerada por Honneth como mais adequada da intersubjetividade e da ontologia social, escoram e justificam as decisões de método do último livro. Desde o início de sua elaboração teórica, Honneth teve de lidar com a objeção de cometer sistematicamente uma falácia naturalista ao buscar o fulcro de uma teoria crítica da sociedade na experiência concreta do sofrimento. Mesmo Luta por reconhecimento ainda esteve justificadamente sujeito à mesma crítica, como Honneth viria a admitir. Argumento que o objetivo das revisões levadas a cabo na década de 2000 foi sanar essa lacuna, encontrando, por um lado, um índice de racionalidade interno ao próprio ato de reconhecimento, e, por outro, um índice de racionalidade presente nas normas e práticas sociais sedimentadas historicamente por relações de reconhecimento.
Trata de uma investigação teórica que problematiza os contornos de uma pedagogia crítica na atualidade. Adota a perspectiva do filósofo Axel Honneth como fio condutor da análise, especificamente os textos em que ele discute as características contemporâneas de uma teoria adjetivada de crítica. Após descrever seu posicionamento, extrai alguns sentidos para o empreendimento crítico no âmbito de uma pedagogia da educação física.
O artigo apresenta brevemente as possíveis implicações da recusa da clonagem, do DGPI e da eugenia liberal para o formalismo da ética discursiva, pois tal recusa poderia sugerir a eleição de um modo de vida privilegiado, (uma vida humana baseada na “inteireza do patrimônio genético”). Apresentamos os elementos do formalismo ético de Habermas e os argumentos centrais de sua crítica às intervenções eugênicas. Sugerimos que a defesa habermasiana da manutenção da indisponibilidade do patrimônio genético (por seu papel na autocompreensão ética do humano como ser livre e autônomo) situa essa matéria da filosofia moral na tensão entre a ação comunicativa, no qual o debate deveria ter sede, e a ação instrumental, que ameaça monopolizar as decisões sobre o tema.
Objetivo: sistematizar as potencialidades e desafios da Teoria do Reconhecimento, de Axel Honneth, e refletir sobre eles como subsídio às pesquisas em saúde.
Método: trata-se de artigo de reflexão que toma o potencial da incorporação da categoria reconhecimento na propositura honnethiana para pesquisa, compreensão, exercício e gestão do cuidado em saúde.
Resultados: o processo de reconhecimento favorece a exploração e a compreensão das relações de poder e respeito, sobretudo em termos do conflito a elas circunscrito. Dessa forma, indica subsídios para diagnósticos e núcleos estruturantes para a superação de práticas opressivas e desiguais, com desdobramentos para lidar com situações de insegurança, fragilidades na autoestima e vulnerabilidades nas interações entre os sujeitos, que configuram desafios contemporâneos.
Conclusão: na exploração científica do cuidado, gestão e políticas públicas em saúde, este referencial teórico pode auxiliar na visibilidade do contexto e seus nós críticos, para favorecer a autonomia e a dignidade humana, relevantes para as relações interpessoais nos processos de cuidado, com contribuições profícuas à qualificação da atenção à saúde.
Objective: to systematize the strengths and challenges of Axel Honneth’s Theory of Recognition, and to reflect on these as support for research in health care. Method: this is a reflection article which considers the potential of incorporating the category of recognition in the Honnethian proposition for research, understanding, exercising of practice and management of health care. Results: the process of recognition promotes the exploration and understanding of relations of power and respect, above all in terms of conflict which are ascribed to these. As a result, it indicates support for diagnoses and structuring nuclei for overcoming oppressive and unequal practices, with consequences for dealing with situations of insecurity, weaknesses in self-esteem and vulnerabilities in the interactions between the subjects, which are configured as contemporary challenges. Conclusion: in the scientific exploration of care, management and public policies in health, this theoretical framework can assist in the visibility of the context and in its critical knots, in order to promote autonomy and human dignity, which are relevant for the interpersonal relations in the processes of care, with fruitful contributions to the qualification of the health care.
El texto se propone exponer críticamente algunos contenidos fundamentales del concepto de totalidad y su importancia para el pensamiento dialéctico. Partiendo de una crítica de la concepción hegeliana de totalidad, busca sin embargo defender este concepto, aunque reconstruido desde un giro materialista a partir de la filosofía desarrollada por Theodor W. Adorno. El concepto de totalidad cambiaría su significado y función a partir de la crítica materialista, pasando de la idea de un todo determinado y definitivo, a un criterio epistemológico y normativo para oponerse con efectividad a la imposición de una totalidad social.
No presente artigo analisamos a ideia de solidariedade na teoria da justiça de Axel Honneth. Honneth em sua obra atualiza a teoria hegeliana da eticidade e concebe a existência de esferas de liberdade, sendo que uma delas é a liberdade social, na qual se situam relações pessoais, mercado e instituições políticas. Em O Direito da Liberdade Honneth desenvolve uma teoria em que busca analisar os problemas de desenvolvimento da democracia nas sociedades contemporâneas, e erige a solidariedade como um dos pressupostos normativos para a construção de uma democracia virtuosa, ancorada na participação cidadã.
A política de identidade e o conceito de reconhecimento têm se transformado em questões dominantes da teoria política contemporânea. Como conceito, o reconhecimento significa que um indivíduo ou grupo social reivindica o direito a ter sua identidade reconhecida, de forma direta ou através da mediação de um conjunto de instituições. As teorias que tem problematizado estas questões abordam tanto temas teóricos importantes como questões políticas centrais do nosso tempo, como a definição de direitos das minorias, reivindicações de autodeterminação nacional ou os desafios colocados por nossas sociedades cada dia mais multiculturais. Dessa forma, o objetivo central do presente artigo é apresentar e discutir os argumentos centrais de Charles Taylor, Axel Honneth e Nancy Fraser que têm se transformando em essenciais para esta discussão, enfatizando o debate em torno da relação entre reconhecimento e redistribuição, e mais especificamente entre o problema da injustiça baseada na questão da identidade e o problema da injustiça econômica. Por último, tentaremos entender algumas das implicações teóricas e políticas do discurso da diferença e das teorias do reconhecimento dentro de uma perspectiva conceptual mais ampla.
O presente estudo tem como objetivo investigar a ideia de reconhecimento jurídico na teoria de Axel Honneth, o que se dará mediante análise da obra Luta por Reconhecimento. Honneth, ancorado nas teorias de Hegel e Mead, estabelece o papel do direito como esfera de reconhecimento individual e seu potencial de asseguramento do autorrespeito. Empreende-se uma reconstrução da teoria honnethiana no atinente aos papéis desempenhados pelo direito na teoria da Luta por Reconhecimento de Axel Honneth, para em seguida, a partir da leitura que o autor desenvolve da teoria de Thomas Marshall, analisar o papel desempenhado pelos direitos subjetivos fundamentais como medium de sedimentação e ampliação de novas formas de reconhecimento e cidadania.
Theodor W. Adorno publicou o ensaio “Teoria da semiformação” (Theorie der Halbbildung) em 1959. A partir da publicação deste texto, observou-se sua relevância, sobretudo para que se pudesse compreender a maneira como a indústria cultural determinava a produção de prejuízos significativos no processo formativo. Desde então, a conquista do espírito feita pelo caráter fetichista dos produtos da indústria cultural, sendo esta uma das definições de Adorno sobre o conceito de Halbbildung, impulsionou a realização de muitas pesquisas sobre os danos decorrentes desta conquista na formação. Porém, investigar as atuais características do processo semiformativo não resulta na aplicação direta dos conceitos propostos por Adorno no final da década de 1950. Sendo assim, é preciso que tais conceitos sejam revitalizados por meio da análise das atuais mediações históricas. Seguindo essa linha de raciocínio, o principal objetivo deste artigo é argumentar que a reflexão crítica sobre o modo como a semiformação se renova, na atual sociedade da chamada cultura digital, torna-se fundamental para que se possam elaborar considerações sobre o renascimento da formação (Bildung).
У статті розглядаються соціокультурні контексти створення і рецепції теорії напівосвіти Т. Адорно на основі широкого застосування біографічного методу, що дозволило розкрити інтенціональність цієї теорії крізь призму спогадів учнів і колег. Запропоновано аргументативне підкріплення тези Ю. Габермаса про внутрішню роздвоєність теоретизування Адорно. Аналізуються інтерпретаційні схеми поняття Bildung (освіта, культура, формування) у німецькому ідеалізмі, де домінує семантика формування, а патології цього процесу відповідно концептуалізуються як деформації та розпад форм у різноманітніх маніфестаціях напівосвіти. Теорія напівосвіти є передусім діагностикою стану сучасних розвинутих суспільств, де засобами масової культури постійно продукуються такі патології, як відчуження і стани масового психозу. Цьому сприяє також тенденція рефеодалізації, яка, в свою чергу, виступає також симптоматикою духовної кризи постсучасності. Одним з проявів цієї кризи є радикальний антипод освіти - антиосвіта, яка є наслідком відмови сучасних навчальних і виховних практик від гуманістичної ідеї освіти. Для виходу із стану кризи критичної рефлексії потребують не тільки напівосвіта і антиосвіта, а й сама ідея освіти.
O Direito liberal procede da ideia kantiana de um acordo de arbítrios conforme uma lei de liberdade externa, assegurando a ideia de um radicalismo pós-religioso de legitimidade e sem fundamentos metafísicos (Nozick). Habermas aproveita os sentidos do Direito liberal de Nozick e Kant, liberdade e não fundacionismo e associa a crítica ao Direito socialista a uma visão construtiva que, assim como Rawls (e seu pluralismo razoável), busca pensar as pretensões de um Direito democrático no espaço público. Superando a dicotomia socialista-liberal do século XX, Habermas busca manter a democracia e a pós-metafísica como elementos de um Direito pluralista que através do procedimentalismo institucionalizador das conquistas do espaço público movido pela razão comunicativa, possa assegurar as pretensões de legitimação da liberdade com as necessárias visões da “Teoria Crítica” sobre a legitimação da democracia no capitalismo tardio, preservando as autonomias pública e privada da tradição republicana e liberal de Kant.
Schopenhauer afirma que uma ética não dogmática requer leis demonstráveis derivadas da experiência. Nesse sentido o fundamento de uma ética deve ser uma metafísica imanente, que sustente, na experiência possível, suas afirmações, e que seja, por isso mesmo, capaz de dar de uma vez por todas um fundamento legítimo à moral. A fundamentação da moral schopenhaueriana segue, portanto, uma argumentação muito próxima de uma metodologia científica. Para Schopenhauer a filosofia deve se aproximar mais de uma cosmologia do que da teologia. Max Horkheimer em “O pensamento de Schopenhauer em relação à ciência e à religião” destaca a fecundidade de tal posição filosófica e atualiza a importância de Schopenhauer tanto para sua formação quanto para uma legítima interpretação da modernidade. Acompanhamos, neste artigo tanto os aspectos fundamentais da fundamentação schopenhaueriana da moral, quanto aspectos da interpretação de Horkheimer da empreitada do filósofo.
Com o advento da modernidade a filosofia passou a exigir que a religião prestasse contas à razão. A filosofia da religião de Kant é um exemplo desse tipo de iniciativa. Kant propôs julgar a religião no tribunal da razão. Mais de 200 anos depois, Habermas buscou renovar o projeto kantiano. Nosso trabalho visa esclarecer o modo como cada autor realiza o julgamento da religião no tribunal da razão. Além disso, discutiremos a relevância desse tipo de abordagem proposta por ambos os filósofos.
Examina-se aqui um estudo realizado por Theodor Adorno acerca das locuções radiofônicas do ativista político de extrema direita nos EUA, o pastor Martin Luther Thomas, à década de 30. Detendo-se nestes discursos por meio do método da análise de conteúdo, Adorno buscava entender os motivos que levaram os indivíduos a perpetuarem as mesmas relações econômicas que suas forças haviam superado, em vez de substituí-los por uma forma de organização social superior e mais racional. Passados mais de 70 anos, este estudo é, sem dúvidas, um instrumental precípuo para compreendermos o atual cenário social, principalmente o político.
Este artigo tem como objetivo principal analisar a relação entre utopia negativa e catástrofe na Estética de Adorno. O filósofo argumenta que a arte moderna é associada a um tipo de utopia que não é uma representação positiva do que a sociedade deveria ser. A utopia negativa apenas mostra o que a sociedade não deveria ser. A obra de arte está então carregada de contradições de uma sociedade não reconciliada. Tal explica por que a arte moderna e nova é tão recorrentemente caracterizada pelo feio, o repulsivo, o negro e o catastrófico. Na formulação de Adorno, a obra de arte se constitui como negação determinada da sociedade administrada. Como tal, a obra de arte é também negação determinada da cultura administrada, isto é, sua constituição é dada pela negação determinada dos padrões da Indústria Cultural e da tradição artística.
To imitate all that is hidden. The place of mimesis in Adorno’s theory of musical performance
(2017)
The article examines the use of the concept of mimesis in Adorno’s notes towards a theory of musical performance. In trying to idiosyncratically define the latter as “reproduction”, Adorno relied on a framework elaborating on concepts introduced by Arnold Schoenberg, Hugo Riemann and Walter Benjamin – a framework that the article discusses insofar as it deals with the problem of mimesis. Specific attention is devoted to the relation between Benjamin’s essays on language and translation and Adorno’s theory of notation, that soon became the crucial aspect of his theory of reproduction. Given the shortcomings of Adorno’s theory, which in the end did not achieve its goals, the article proposes to capitalize on his terminology while at the same time rethinking his framework in the light of recent musicological paradigms for the study of musical performance. On the whole, the article shows that it was Adorno’s philosophical assumptions – in particular the theses of music’s non-intentionality and of its non-similarity to language – that prevented him from convincingly theorizing musical performance, and suggests an alternative framework for future research.
O presente trabalho aborda o problema da compreensão e justificação do conceito habermasiano de tolerância (Toleranz) nas sociedades marcadas por diferentes e incompatíveis (conflitantes) imagens de mundo (verschiedene und unverträgliche Weltbildern), onde se elaboram e articulam os contextos da justificação (Kontexte der Rechtfertigung) e o contexto da tolerância (Kontext der Toleranz). A meu ver, Habermas estabelece uma distinção ambivalente entre tolerância e não discriminação, baseada em uma dissonância cognitiva (kognitive Uneinheitlichkeit) aplicável às imagens de mundo (Weltbildern) concorrentes e mutuamente excludentes, resultando em uma diferenciação das expectativas normativas referente à resolução de dilemas que envolvem formas de vida culturalmente diferenciadas. Nas situações em que as objeções a crenças e práticas de uma forma de vida particular não se encontram baseadas em razões públicas (öffentliche Gründe), não caberia falar em tolerância, mas na luta pela igualdade de direitos de cidadania e reconhecimento de direitos culturais. A dificuldade consiste em declarar quais crenças e práticas seriam “eticamente objetáveis ou erradas”, mas que não poderiam ser igualmente julgadas, com base em “razões públicas”, como “moralmente rejeitáveis”, dada a existência de razões de aceitação (que não eliminam, mas superam as razões de objeção) e, portanto, objeto da tolerância, bem como aquelas crenças e práticas que não poderiam ser toleradas sob qualquer justificação moral baseada em “razões públicas” (crenças e práticas igualmente “eticamente objetáveis ou erradas” e “moralmente rejeitáveis”). Além disso, como ressalta Forst, nem sempre é possível estabelecer quais razões são “públicas” e podem constituir o fundamento de objeções razoáveis às crenças e práticas de alguém considerado “eticamente diferente” de “nós” ou ainda, como assevera Lafont, se estas mesmas razões estariam “disponíveis”.