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A emancipação do indivíduo (e, mais precisamente de um tipo específico de indivíduo, a saber, o "burguês") é o principal ponto de convergência entre duas obras da literatura europeia setecentista (seja insular, britânica, seja continental, alemã). São elas: "Robinson Crusoé" (1719), de Daniel Defoe, e "Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister" (1795-1796), de Johann Wolfgang von Goethe. Em seu cerne, ambas enfocam a formação do indivíduo por meio do deslocamento geográfico, dizendo respeito não apenas a um processo de desenvolvimento pessoal, interno, mas também a uma dimensão sócio-cultural mais ampla, englobando os avanços da industrialização e as aspirações da sociedade de seu tempo. Juntos, o romance de formação ou "pedagógico" ('Bildungsroman'), bem como a viagem de formação ('Bildungsreisen') se entrecruzam em um ponto onde o sujeito burguês busca se afirmar em uma sociedade cada vez mais competitiva, desigual, em que o o indivíduo precisa descobrir a si mesmo (saindo de seu meio, ressalte-se), na busca do alcance de uma formação pessoal - seja para se coadunar com o que a nova sociedade industrial em ascensão espera dele ou para conseguir se opor aos valores dela. Tal tensão, no caso de Goethe, é evidenciada por meio da oposição do protagonista, Wilhelm (o burguês que busca seguir as próprias aptidões, independentemente do desejo de acúmulo de bens, apoiando-se em uma "ilha humanista" representada por uma sociedade secreta) ou o personagem Werner, o tipo burguês que busca de modo exclusivo o lucro em tudo o que faz. Em suma, tem-se um representante da chamada 'Bildungsbürgertum' (burguesia da cultura) e outro da 'Besitzbürgertum' (burguesia da propriedade), respectivamente. Este último, a propósito, tem suas raízes literárias na figua de Crusoé, cuja popularidade perdura até os dias de hoje. Desse modo, este trabalho busca apresentar de que modo as transformações sociais ocorridas no século XVIII impactaram na tradição literária, representada por meio de dois nomes exponenciais da narrativa de ficção envolvendo formação individual e deslocamento geográfico, contribuindo para uma discussão a respeito do individualismo econômico. Para tanto, buscou-se o aporte teórico de autores como Franco Moretti (2014), Benedict Anderson (2008), Walter Benjamin (2012), Georg Lukács (2009), Thomas Mann (2011) e Ian Watt (2010), que aponta a referida obra de Defoe como responsável por iniciar a tradição do romance como gênero.
As a postmodern detective novel, "City of Glass" circles around its genre, deconstructing topical notions such as the 'case' and citing the commonplace language of hardboiled detectives as well as Poe's archetypical Dupin. Furthermore, the novel also refers to completely different texts and genres: Milton's Christian epic "Paradise Lost", for example, is allotted an important position in the 6th chapter with its speculations about a regaining of the Adamic language. The allusions to the puritan poet Milton exemplifies how Auster synthesizes a postmodern inquiry into genre and language with references to "premodern moral questions", highlighting interesting analogies between post- and premodern practices of reading and writing. An even more astonishing example are the subtle references to Defoe's "Robinson Crusoe", the best-selling puritan "spiritual autobiography" about the survival of a castaway on a remote Caribbean island, which have not yet been accorded scholarly attention. Although they don't seem to be of much significance at first sight, they, too, build on the relationship between puritan and postmodern reading and writing. In this paper, Joachim Harst unfolds the many parallels between Auster's and Defoe's first novels and shows how Auster reads "Robinson Crusoe" as an exemplary figure for existential solitude and artistic creativity. Auster's postmodern view on Defoe's novel also helps to highlight fissures in Robinson's seemingly complete "selfcomposure" via autobiography, while the colonial aspects of Defoe's novel resonate with Auster's postcolonial critique of America's puritan origins. Harst concludes with a glance at Auster's references to "Robinson Crusoe" in his other early works, especially his autofictional text "Invention of Solitude", in which he depicts the artist as "shipwreck[ed] in the heart of the city" and uses "Robinson Crusoe" to construct a biographical mythology aiming at creative authorship.